VOTO N.º 117/X DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ADVOGADO JOÃO CAMOSSA, FUNDADOR DO PARTIDO POPULAR MONÁRQUICO (PPM)
Legislatura: X Sessão Legislativa: 3
[DAR I série Nº.11/X/3 2007.10.19 (pág. 36)] A Favor: PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE, PEV
Assunto: Voto de Pesar pelo falecimento do advogado João Camossa, fundador do Partido Popular Monárquico (PPM)
Tipo de Voto: Voto de pesar [DAR II série B Nº.10/X/3 2007.10.20 (pág. 3)]
Debate
Aprovado por unanimidade. [DAR I série Nº.11/X/3 2007.10.19 (pág. 36)] A Favor: PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE, PEV
A morte do Dr. João Camossa constituiu uma grande perda para todos nós. Homem de um só parecer e de uma só fé, lutou e sempre pugnou pelos ideais da justiça social e pela democracia.
Monárquico convicto, revolucionário e activista no movimento Anarco-Sindicalista que se opôs veementemente ao Estado Novo, foi, por
múltiplas vezes, vítima das sevícias e prisões da polícia
política, que o colocaram na frente dos diversos movimentos que se
opunham então ao sistema salazarista, nomeadamente quando integrou o
«Movimento de Beja», de cujos elementos foi advogado, tendo passado
rapidamente, durante a audiência, de defensor a preso, por ordem do
juiz.
Personalidade complexa com Tendências Anarquizantes que ele próprio paradoxalmente ia desenvolvendo
no regime salazarista, foi-se deixando empurrar para o isolamento, não se conseguindo estruturar para um grupo actuante.
Todavia, foi co-fundador da
«Convergência Monárquica» que reunia diversos movimentos políticos de
inspiração monárquica, em oposição frontal à tradicional e conservadora
«Causa Monárquica».
Em 1974 Camossa funda o Partido Popular Monárquico, ao lado de Barrilaro Ruas, Rolão Preto e Ribeiro Telles.
Foi Deputado na Assembleia Municipal de Lisboa, durante o período da Aliança Democrática.
Combateu sempre pelos ideais em que acreditava, em nome da liberdade, conquistando o respeito e simpatia de todos os que com ele privaram.
Ao longo da vida João Camossa colaborou por diversas vezes em jornais e revistas sobre temas políticos, históricos e culturais.
A Assembleia da República expressa à família e ao Partido Popular Monárquico sentidas condolências.
Testemunhos:
“…este
verdadeiro erudito doutor com uma impressionante história e currículo
de activismo político, sempre foi presença incómoda.…”
“…Radical, denominava-se de monárquico anarco-comunalista…”
“…Aquele
homem de tudo sabia e de muito falava. Biografias inteiras, histórias
picarescas de grandes vultos, filosofia e surpreendentemente, um
espantoso conhecimento territorial do país que calcorreava a pé, por
montes, vales cidades e vilas. Por vezes, tornava-se incompreensível e o
seu grandioso argumentativo – a dialéctica de outros -, era susceptível
de desesperar os mais pacientes…”
“…Num
dia de Cimeira da AD marcada para a sede do extinto PPM – o que hoje
existe é uma indigna caricatura do original -, ao deparar com a chegada
do 1º ministro Balsemão e do ministro Freitas do Amaral, virou-se para
os jovens e na sua inconfundível voz de trocista inveterado, sentenciou:
- “Meus senhores, chegaram os caixeiros-viajantes. Podemos começar!”…”Nuno Castelo-Branco in http://aventar.eu/2010/01/22/homenagem-a-joao-camossa/
“...Era
um homem difícil de compreender, dada a sua resposta pronta e a fama de
polemista que todos contradizia pelo prazer de manter viva a conversa.
Deliciava-se em provocar os mais jovens, acicatando-os para um combate
de selva que servia como treino para outras e mais persistentes lutas
futuras, contra adversários mais irredutíveis, porque bem instalados.
Queria sempre mais respostas, novos desafios e outros temas que nos
mantivessem junto dele. Apresentava uma certa ideia do mundo, onde
Portugal era a peça central, inamovível numa grandeza histórica bem
possível de reconquistar para a normalidade dos dias em que se sucedem
as gerações. Fez-nos acreditar na possibilidade do improvável e hoje,
esteja onde estiver, deve saborear aquele valeu a pena!, que há uns
vinte e cinco anos nos garantia como infalível meta…”
Nuno Castelo-Branco in http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1040623.html
“…"Quando
chega D. Sebastião?", perguntava um brincalhão ao telefone, pouco
depois do 25 de Abril de 1974. "Daqui fala o próprio", retorquia, da
sede do Partido Popular Monárquico, João Camossa. Nessa época - antes
das primeiras eleições -, lia-se nas paredes: "Queremos o Camossa na
Assembleia."…”
Fernando Madaíl in http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=987215&page=-1Nuno Castelo-Branco in http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1040623.html
“…Os
seus argumentos, simplicidade e emoção oratória não deixavam ninguém
indiferente. Era um homem de histórias que adorava as tertúlias e a
conversa inteligente. …”
“…Ninguém como ele
sabia tanto da “pequena história” de Portugal! E quantas vezes saíam
recortes de notícias, esboços de mapas, papéis rabiscados com notas das
algibeiras do seu casaco, sempre recheadas de mistérios...”
Mário Casa Nova Martins in http://avozportalegrense.blogspot.com/2007/10/joo-camossa-1926-2007_3071.html
“…O João foi um dos homens mais inteligentes que conheci. Dos mais cultos. Dos mais sábios.
Não
tinha, nem pela humanidade nem por si próprio, uma consideração por aí
além. Abominava o doutor Oliveira Salazar e o socialismo, achava que as
pessoas se deviam agrupar em pequenos núcleos, já que, nos grandes, o
diálogo era impossível. A si próprio atribuía, como ideologia, o
“anarco-comunalismo”, coisa mirífica onde as pessoas se deviam dar bem
porque se ignorariam quanto pudessem, e onde o Estado se tornaria
(quase) desnecessário. Talvez por isso era monárquico, concebida a monarquia
como um sistema em que o chefe era próximo porque longínquo, doce,
estimado, não estava sujeito às discussões dos fabricantes delas e só
aparecia quando era indispensável, na certeza de que o ideal era que não
precisasse de aparecer.
O João leu coisas que ninguém mais leu, sabia coisas que a mais ninguém era dado saber, pensava coisas que ninguém mais pensava.
Por
baixo das anedotas que a seu respeito se contavam, talvez por ele
incentivadas, escondia-se um ser pensante, quase genial, que raciocinava
a galope e chegava a conclusões que causavam estranheza, inveja, até
repulsa à chã farronca do comum dos mortais.….”
“…Os
seus escritos, que transportava em bolsos imensos, quase a arrastar
pelo chão, a contestação de Bernstein e Marx, as críticas ao senhor
Soares (Mário), como ele lhe chamava, as suas teses sobre
a nacionalidade, os descobrimentos, o miguelismo, sei lá, tudo deve
estar perdido. Deve-lhe ter caído dos tais bolsos, já rotos, vítimas da
usura e do desleixo.
Há
Homens que muito poderiam ter dado, ou deixado, ao seu semelhante.
Assim não aconteceu com João Carlos Camossa de Saldanha, não porque não
tivesse produzido, e muito, mas porque nunca teve intenção de fazer
disso honra...”
António Borges de Carvalho in http://irritado.blogs.sapo.pt/74027.html
João Camossa (I) - 15/12/1925-16/10/2007
http://2.bp.blogspot.com/ _NQHnWbXYAQQ/ Stg62RSGk9I/AAAAAAAAAtw/ 3ewDykhScsU/s400/camossa+2.jpg |
Biografia
João
Carlos Camossa de Saldanha "nasceu" monárquico. O seu pai, o
capitão-mar-e-guerra Augusto Saldanha, foi um dos resistentes ao 5 de
Outubro de 1910, o que lhe valeu a prisão e muitos dissabores na
carreira militar e na vida familiar.
Foi
membro do grupo fundador do Centro Nacional de Cultura – excelente e
legal pretexto para o activismo e formação política -, participou no
grupo de Gonçalo Ribeiro Telles, Francisco Sousa Tavares, Rodrigo Sousa
Félix e Fernando Amado, marcando aquele vital momento de ruptura com os
resquícios de uma Causa Monárquica que vivia na expectativa do final
cumprimento de longínquas promessas do regime vigente.
Esteve
envolvido na formação, nos anos 50, do anti-salazarista Movimento
Monárquico Popular (com a Liga Popular Monárquica e a Renovação
Portuguesa daria origem à Convergência Monárquica, que passou a
chamar-se PPM após o 25 de Abril),
Durante décadas foi conhecido activista opositor à 2ª República, tendo participado activamente
em episódios como a Revolta da Sé (1959) e o Golpe de Beja (1961), o
que lhe valeu a estadia no conhecido Aljube. Durante o julgamento dos
implicados no Golpe de Beja, foi contra a estratégia dos outros
advogados da defesa que procuravam argumentar com a formalidade dos
princípios democráticos da Constituição de 1933. Pelo contrário e para
estupor do Tribunal, o monárquico assumiu frontalmente a ruptura contra o
ordenamento constitucional republicano e corporativo, tendo passado
rapidamente, durante a audiência, de defensor a preso, por ordem do juiz.
Monárquico
convicto, revolucionário e activista no movimento anarco-sindicalista
que se opôs veementemente ao Estado Novo, foi, por múltiplas vezes,
vítima das sevícias e prisões da polícia política, que o colocaram na
frente dos diversos movimentos que se opunham então ao sistema
salazarista, nomeadamente quando integrou o «Movimento de Beja».
Em
1974 Camossa funda o Partido Popular Monárquico, ao lado de Barrilaro
Ruas, Rolão Preto e Ribeiro Telles. O anarco-comunalista João Camossa
representava a corrente libertária do partido, para quem o rei deveria
ser o último vestígio do Estado.
Foi
representante do PPM na Assembleia Municipal de Lisboa e pertenceu aos
serviços de apoio jurídico na Assembleia da República, durante o período
da Aliança Democrática.
Colaborou por diversas vezes em jornais e revistas sobre temas políticos, históricos e culturais.
Fontes:
Nuno Castelo-Branco in http://aventar.eu/2010/01/22/homenagem-a-joao-camossa/
Fernando Madaíl in http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=987215&page=-1
Links sobre o João Anarco Monarquista:
http://resistenciapopularrealista.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html
http://irritado.blogs.sapo.pt/74027.html
http://arepublicano.blogspot.com.br/2007/10/joo-camossa-1926-2007-joo-carlos.html
http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=987215
http://realbeiralitoral.blogspot.com.br/2011/10/joao-camossa-i-15121925-16102007.htmlhttp://stellium.bloguepessoal.com/r4587/BIOGRAFIAS/?nextyear=1&month=09&year=2000https://www.google.com.br/search?q=Jo%C3%A3o+Carlos+Camossa+do+Saldanha+anarco+monarquista&newwindow=1&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=ayr4Us_GB9SMkAfLy4GwDA&ved=0CG4QsAQ&biw=1093&bih=551
Como posso aderir? Obrigado
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